Governadores do Nordeste rebateram neste domingo as declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que defendeu maior protagonismo econômico e político dos estados do Sul e Sudeste. Em entrevista ao jornal, o Estado de S. Paulo, Zema disse que o Consórcio Sul-Sudeste (Cosud) vai buscar esse posicionamento e comparou o Nordeste a “vaquinhas que produzem pouco”.
O consórcio de governadores do Nordeste, presidido pelo governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), avaliou que a fala de Zema representa um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste? e lembrou que esses estados da federação vêm sendo ?penalizados ao longo das últimas décadas? nos projetos nacionais de desenvolvimento.
“Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de “O Brasil que cresce unido”. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual”, disse em nota o Consórcio.
Na entrevista, o governador mineiro criticou um suposto benefício do Nordeste na proposta de Reforma Tributária
aprovada pela Câmara dos Deputados. Segundo ele, “Sul e Sudeste ?também precisam de ações sociais?.
“Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza?” Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade... Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta”. Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década”, disse. “Se não você vai cair naquela história do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Daqui a pouco, as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento”.
A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), disse que “qualquer manifestação que chame à divisão só acirra o enfrentamento em um momento que o país precisa de união”. Já Rafael Fonteles (PT), do Piauí, chamou Zema de “o maior inimigo da federação brasileira”. O pessebista Carlos Brandão, do Maranhão, escreveu no Twitter que “ódio e divisão não tornarão o país melhor” e Jerônimo Rodrigues (PT), da Bahia, escreveu que, “para o país dar certo, é preciso união entre os estados” e não se deve perder tempo “com narrativas segregadoras”.O governador do Acre, Gladson Cameli, criticou posicionamentos que expressam divisões entre as regiões do Brasil e lembrou da República Oligárquica (1898 a 1930), quando o cargo de Presidente da República alternava apenas entre representantes de São Paulo e Minas Gerais.
“A política do café com leite já não cabe no Brasil de hoje. Foi essa política que gerou muitas das nossas desigualdades regionais. Aliás, essas divisões nos levaram aos maiores problemas que enfrentamos hoje” disse.
PARA ENTENDER
Repercussão negativa
A repercussão negativa da fala do governador do Novo fez com que até políticos que comandam estados do Sul e do Sudeste viessem a público. Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, disse que “nunca achou que os estados do Norte e do Nordeste haviam se unido contra os demais estados do país”.
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