Foi de aproximadamente dez minutos o tempo em que o autônomo Aluísio Brandão, 53, passou em frente ao setor de carnes do supermercado. Olhou os cortes, verificou se eram de 1ª ou de 2ª, pensou qual cardápio poderia preparar. Em um dado momento chegou a revirar as bandejas pesquisando o preço. Não teve jeito. Desistiu de comprar. “Não dá. Vou levar um frango mesmo. O corte (de carne), hoje, está muito caro. Espero que na próxima vez que eu vier aqui, esteja mais em conta”, disse. E assim ele foi ao setor de frangos e pegou um congelado, que custou menos que as bandejas de carne em que pensou levar inicialmente.
Com o preço dos alimentos disparando mês a mês, uma das alternativas dos consumidores tem sido substituir um alimento pelo outro. A carne bovina, que naquela ocasião pesaria no bolso de Aluísio, está entre os itens que apresentaram os maiores reajustes de preço nos últimos doze meses. A alta foi de 34,42%, entre junho de 2020 e junho de 2021, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA).
A pesquisa, divulgada ontem (2), apontou a trajetória de preços dos principais alimentos da mesa dos paraenses. O estudo apontou que em um ano a alta acumulada ficou muito além da inflação. Os reajustes somam 14,25%, enquanto que a inflação neste período foi de 9,22% (INPC/IBGE). “É o momento do Procon e do Ministério Público entrarem em cena para ver o que pode ser feito. Tudo subiu de preço, menos o salário”, avaliou Roberto Sena, supervisor técnico do Dieese/PA.
De acordo com Sena, o cenário que se tem hoje no país indica que o preço dos alimentos vai continuar a subir. “Esse frio que chegou na região Sul vai impactar aqui. Nós importamos vários itens da alimentação, inclusive hortifruti. Esse frio que a gente está vendo acontecer lá vai comprometer o abastecimento e com certeza teremos reajustes.
A dona de casa Alcione Nascimento, 45, está preocupada com tantos aumentos. “A gente passou um tempo comprando apenas o básico para sobreviver. Hoje, a gente vem e leva o básico do básico. A que ponto vamos chegar”, questionou a consumidora, que apontou o feijão como o vilão da lista que ela levou para o supermercado.
Apesar do feijão ter sido um dos poucos itens a sofrer uma baixa de 12,35% no preço, nos últimos doze meses, o quilo deste alimento ainda sai pesado para muitas famílias. Ele vem sendo comercializado, em média, a R$ 7,38, segundo o Dieese. Pelos números da pesquisa que o órgão desenvolveu o óleo de cozinha foi o que mais aumentou de preço, apresentando uma alta de 81,61%, seguido do arroz que aumentou 56,43% no preço.
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